quinta-feira, 6 de março de 2014

"Um escritor escreve, e não em último lugar, para se opor com a sua força criativa à fraude da ‘opinião vigente’..."

"Este livro, coletânea de diversos ensaios publicados nos últimos anos, faz parte de um conjunto de publicações sobre as redes sociais a ser editado nos próximos anos. Nele, faço uma primeira abordagem ensaística do fenómeno das redes sociais digitais, destacando duas questões: Que conceitos, que olhares usar para entender o fenómeno emergente das redes como o Facebook? E qual a melhor forma de o estudar? Ao mesmo tempo, recorrendo à minha experiência pessoal e à observação participante no Facebook, uso a própria inteligência da rede, através do debate e de registo de algumas entrevistas a usuários.
Recorro ao exemplo da literatura, nomeadamente a Fernando Pessoa, para o formato deste livro que, de algum modo, não segue os modelos clássicos dos livros de ciências sociais académicos. Inspiro-me nesta opção no exemplo de Arno Gruen. Segundo ele, “a literatura e a poesia […] estão mais próximas da realidade humana que, por exemplo, a investigação psicológica. Essa orienta-se demasiadamente pelo mito da ‘realidade’ e pelo mito das estruturas de poder daí decorrentes. […] Um escritor escreve, e não em último lugar, para se opor com a sua força criativa à fraude da ‘opinião vigente’. Fala de uma língua que ainda sabe da globalidade da experiência humana” (Gruen, 1995: 14).